Fisioterapia no câncer de mama

Com a evolução no tratamento do câncer de mama, o tempo de vida das pacientes aumentou consideravelmente. Sendo assim, a fisioterapia passou a desempenhar um importante papel na melhora e na manutenção da funcionalidade física das pacientes, tornando-se indispensável em todas as fases do tratamento.

A fisioterapia também preserva a qualidade de vida, diminuindo eventuais problemas causados pelo tratamento do câncer de mama. Portanto, ela deve ser estimulada a partir do diagnóstico da doença, visando estabelecer condutas preventivas e o tratamento das mesmas.

Entre os principais problemas decorrentes dos tratamentos sistêmicos e loco-regionais do câncer de mama, no qual a fisioterapia tem atuação importante, destacamos:

  • Edema e linfedemas dos braços
  • Restrição da amplitude de movimento (ADM) do membro superior
  • Síndrome da rede axilar (SRA, ou axillary web syndrome)
  • Alterações da ferida operatória (seroma, deiscência, necrose, infecção)
  • Alterações cicatriciais
  • Dor (aguda e crônica)
  • Parestesias (formigamentos) e neuropatias
  • Escápula alada
  • Fadiga

Para uma adequada intervenção fisioterapêutica, em cada uma dessas complicações, é importante identificar seus fatores de risco, os métodos disponíveis para rastreamento e detecção precoce, e os tratamentos mais adequados.

A avaliação pré-operatória permite programar melhor o tratamento e evita que eventuais problemas preexistentes sejam diagnosticados como sequelas do tratamento. Envolve a avaliação funcional, a mensuração do volume de membros superiores, a presença de alterações e/ou comorbidades prévias, e a observação de limitações da atividade funcional,

Além da avaliação, o fisioterapeuta realiza as orientações quanto aos cuidados com o braço operado e exercícios pós-operatórios. Entre as orientações, as pacientes são incentivadas quanto ao retorno às atividades diárias de forma progressiva, mudanças de decúbito e cuidados com o membro superior.

Os exercícios de membro superior são indicados para a prevenção de dor, edema, restrição articular e síndrome da rede axilar.

Segundo as Diretrizes para Assistência Interdisciplinar em Câncer de Mama, preconiza-se a realização de exercícios de membro superior com limitação a 90º de flexão, desde o pós-operatório imediato até a retirada dos pontos e do dreno. Após esse período, as pacientes são incentivadas quanto aos exercícios e técnicas de desbloqueio articular para ganho da amplitude de movimento do membro, orientações quanto ao retorno às atividades laborais e de lazer, instituição de tratamento sintomatológico e ênfase na prática de atividades físicas.

De maneira geral, a atuação da fisioterapia ao diagnóstico de câncer de mama pode ser exemplificada em:

  • Avaliação inicial, identificando dos principais fatores de risco para as complicações do tratamento;
  • Planejamento da atuação fisioterapêutica, de acordo com a avaliação fisioterapêutica e o tratamento oncológico;
  • Tratamento das alterações físicas presentes, sempre que possível;
  • Orientações domiciliares quanto aos auto-cuidados, exercícios e atividades diárias
  • Informação da equipe multidisciplinar quando forem observadas alterações pré-existentes que possam impactar no tratamento oncológico.

 

Alessandra Tessaro
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia em Oncologia
Porto Alegre, RS

 

Referências

  1. Thomazine A, Tessaro A, Pinho A e col. Diretrizes para assistência interdisciplinar em câncer de mama. Revinter,2014.
  2. Soojin Ahn and Elisa R. Port. Lymphedema precautions: time to abandon old practices? J Clin Oncol 2015;34(7):655-9.
  3. Ferguson M, Swaroop M, Horic N et al. Impact of ipsilateral blood draws, injections, blood pressure measurements, and air travel on the risk of lymphedema for patients treated for breast cancer. J Clin Oncol 2016; 34(7):691-8.
  4. Bergmann A, Ribeiro MJ, Pedrosa E, Nogueira E, Oliveira .Fisioterapia em mastologia oncológica: rotinas do Hospital do Câncer III / INCA Fisioterapia em Mastologia Oncológica, 1/9/05.