Fisioterapia no câncer de mama

Com a evolução no tratamento do câncer de mama, o tempo de vida das pacientes aumentou consideravelmente. Sendo assim, a fisioterapia passou a desempenhar um importante papel na melhora e na manutenção da funcionalidade física das pacientes, tornando-se indispensável em todas as fases do tratamento.

A fisioterapia também preserva a qualidade de vida, diminuindo eventuais problemas causados pelo tratamento do câncer de mama. Portanto, ela deve ser estimulada a partir do diagnóstico da doença, visando estabelecer condutas preventivas e o tratamento das mesmas.

Entre os principais problemas decorrentes dos tratamentos sistêmicos e loco-regionais do câncer de mama, no qual a fisioterapia tem atuação importante, destacamos:

  1. Edema e linfedemas dos braços
  2. Restrição da amplitude de movimento (ADM) do membro superior
  3. Síndrome da rede axilar (SRA, ou axillary web syndrome)
  4. Alterações da ferida operatória (seroma, deiscência, necrose, infecção)
  5. Alterações cicatriciais
  6. Dor (aguda e crônica)
  7. Parestesias (formigamentos) e neuropatias
  8. Escápula alada
  9. Fadiga

Para uma adequada intervenção fisioterapêutica, em cada uma dessas complicações, é importante identificar seus fatores de risco, os métodos disponíveis para rastreamento e detecção precoce, e os tratamentos mais adequados.

A avaliação pré-operatória permite programar melhor o tratamento e evita que eventuais problemas preexistentes sejam diagnosticados como sequelas do tratamento. Envolve a avaliação funcional, a mensuração do volume de membros superiores, a presença de alterações e/ou comorbidades prévias, e a observação de limitações da atividade funcional,

Além da avaliação, o fisioterapeuta realiza as orientações quanto aos cuidados com o braço operado e exercícios pós-operatórios. Entre as orientações, as pacientes são incentivadas quanto ao retorno às atividades diárias de forma progressiva, mudanças de decúbito e cuidados com o membro superior.

Os exercícios de membro superior são indicados para a prevenção de dor, edema, restrição articular e síndrome da rede axilar.

Segundo as Diretrizes para Assistência Interdisciplinar em Câncer de Mama, preconiza-se a realização de exercícios de membro superior com limitação a 90º de flexão, desde o pós-operatório imediato até a retirada dos pontos e do dreno. Após esse período, as pacientes são incentivadas quanto aos exercícios e técnicas de desbloqueio articular para ganho da amplitude de movimento do membro, orientações quanto ao retorno às atividades laborais e de lazer, instituição de tratamento sintomatológico e ênfase na prática de atividades físicas.

De maneira geral, a atuação da fisioterapia ao diagnóstico de câncer de mama pode ser exemplificada em:

  1. Avaliação inicial, identificando dos principais fatores de risco para as complicações do tratamento;
  2. Planejamento da atuação fisioterapêutica, de acordo com a avaliação fisioterapêutica e o tratamento oncológico;
  3. Tratamento das alterações físicas presentes, sempre que possível;
  4. Orientações domiciliares quanto aos auto-cuidados, exercícios e atividades diárias
  5. Informação da equipe multidisciplinar quando forem observadas alterações pré-existentes que possam impactar no tratamento oncológico.

 

Alessandra Tessaro

Fisioterapeuta do Núcleo Mama Moinhos

Especialista em Fisioterapia em Oncologia

Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS

 

 

Referências:

  1. Thomazine A, Tessaro A, Pinho A et al, Diretrizes para Assistência Interdisciplinar em Câncer de Mama. Revinter,2014
  2. Lymphedema Precautions: Time to Abandon Old Practices? Soojin Ahn and Elisa R. Port, Mount Sinai Medical Center, New York, NY VOLUME 34 • NUMBER 7 • MARCH 1, 2016
  3. Ferguson M, Swaroop M, Horic N et al, Impact of Ipsilateral Blood Draws, Injections, Blood Pressure Measurements, and Air Travel on the Risk of Lymphedema for Patients Treated for Breast Cancer. J Clin Oncol. 2016 Mar 1;34(7):691-8.
  4. Bergmann A, Ribeiro MJ, Pedrosa E, Nogueira E, Oliveira .Fisioterapia em mastologia oncológica: rotinas do Hospital do Câncer III / INCA Fisioterapia em Mastologia Oncológica, 1/9/05