Wonder Woman

Eu amo a Mulher Maravilha. Por tudo que ela representa: a força, os reflexos, a velocidade, mas, principalmente, por sua cura acelerada e uma vida inteira de imortalidade. Quem nunca desejou ser imortal? Acredito que quem já sentiu o peso da morte, logo imagina o quanto seria bom possuir o dom de viver para sempre.

A minha heroína predileta carrega uma espada e um escudo, tem seus braceletes e sua tiara e tem o poder de produzir honestidade nas pessoas com seu laço de verdade. Nossa! De quantas decepções eu seria poupada se pudesse produzir honestidade! Depois de lidar cara a cara com a morte, já sou mais difícil de ser enganada.

Conheço muitas mulheres maravilhas do mundo real que podem não ser imortais, mas lutam por suas vidas, dia a dia. Enxugam as lágrimas e olham a morte no rosto dizendo: “Não, câncer! Não hoje!” E apesar de sua mortalidade, lutam diariamente, a cada reação da quimioterapia, quando sua imunidade cai, com tromboses, quando vão para o centro cirúrgico, quando raspam seus cabelos, quando usam medicações que são cardiotóxicas, neurotóxicas, enfim, eu poderia deixar aqui uma lista.

De repetidas cutucadas de agulhas, essa heroína real aprende a lidar com cirurgias. E a sua velocidade não vem na forma de corrida, mas na sua rapidez para amar, perdoar e viver, pois disseram que sua vida poderia ser tirada. Ela toma veneno em forma de quimioterapia para lutar por outro dia, e vence. Ela não possui a cura acelerada, mas sua resistência e perseverança estão além do que muitos já viram. A espada e o escudo que ela carrega não são feitos de bronze, cobre ou aço, mas mesmo assim são de uma força incrível: seu Deus, sua equipe médica, seus entes queridos. Isso tudo é o que ela leva – e levará sempre – para o campo de batalha. Os braceletes que ela usa nos pulsos estão longe de serem indestrutíveis, tem o nome dela e sua data de nascimento e lembram-na sobre seu status de paciente.

Mesmo não tendo uma tiara de ouro, podemos ter certeza de que ela é da realeza e enfrenta a dureza do seu tratamento de cabeça erguida – mesmo que sem seus cabelos. Ela é uma heroína real e, como ela, existem muitas outras.


Fabíola Peixoto Ferreira La Torre
Médica Pediatra
São Paulo, SP