Prevenção câncer de intestino após o câncer de mama

Prevenção do câncer do intestino

Depois de um diagnóstico de câncer de mama e de um tratamento, por muitas vezes, trabalhoso, frequentemente queremos distância do assunto, mas é importante pensamos na prevenção de outros tipos de tumores comuns nas mulheres. O câncer de intestino é um dos mais frequentes nas mulheres e tem ganhado atenção especial, pois sua incidência vem crescendo significativamente e sua prevenção é uma das que dispõe de estratégias e exames mais eficientes, se utilizados adequadamente.

O combate a fatores de risco do dia-a-dia, como obesidade e sedentarismo, são muito importantes, tanto no câncer de mama, como no de intestino. O tabagismo também é um fator associado ao câncer de intestino. Sendo assim, não fumar, fazer atividades físicas regulares e ter uma alimentação saudável, principalmente evitando o ganho de peso, são elementos importantes na prevenção.

No intestino em particular, temos uma oportunidade não tão comum em prevenção de câncer, pois temos bem estabelecida a lesão benigna que precede ao câncer: os pólipos intestinais. Sabemos que seu crescimento e desenvolvimento para evoluir para o câncer é, em geral, lento, nos oportunizando a realização de exames para detecção precoce e tratamento destes pólipos antes que eles evoluam para lesões malignas.

O ideal é que todas as pessoas a partir dos 50 anos realizem exames de prevenção e rastreamento para o câncer de intestino e, naquelas com história familiar, esta rotina inicie a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade que seu familiar teve o diagnóstico do tumor. Familiares de pacientes com pólipos intestinais também devem iniciar os exames antes da população em geral.

O principal exame nesta estratégia é a colonoscopia (figura 1), que é eficiente tanto para o diagnóstico dos pólipos quanto para seu tratamento, isto é, possibilita a retirada destes pólipos no próprio exame. A colonoscopia teve um desenvolvimento tecnológico enorme nas últimas décadas, permitindo que encontremos pólipos cada vez menores, o que facilita e simplifica sua retirada durante o próprio exame. Além disto, as técnicas para remoção de pólipos maiores se desenvolveram ao ponto de evitarmos muitas cirurgias que eram necessárias no passado. Atualmente, mesmo alguns pólipos com pequenas áreas de transformação maligna podem ser removidos através da colonoscopia, em procedimentos endoscópicos avançados como a mucosectomia e a dissecção endoscópica submucosa.

Figura 1 – A colonoscopia é feita introduzindo um aparelho com uma câmera na sua extremidade, que visualiza o interior do intestino, possibilitando detectar e tratar lesões pré-malignas.

Em resumo, é possível prevenir o câncer de intestino!

Alimentação saudável, combate à obesidade, realização de atividade física regular e evitar o fumo e o excesso de álcool são fatores importantes na prevenção do câncer de intestino. Mas temos que colocar na nossa rotina exames de prevenção do como a colonoscopia, pois este é uma dos exames preventivos onde o resultado é mais efetivo, salvando vidas e evitando tratamentos mais agressivos (até mesmo cirurgias).

 

Rafael Castilho Pinto
Médico Proctologista e Colonoscopista
Porto Alegre, RS

 

Referências

  1. Shike M, Winawer SJ, Greenwald PH, et al.: Primary prevention of colorectal cancer. The WHO Collaborating Centre for the Prevention of Colorectal Cancer. Bull World Health Organ 68 (3): 377-85, 1990.
  2. American Cancer Society: Cancer Facts and Figures 2017. Atlanta, Ga: American Cancer Society, 2017.
  3. Lin JS, Piper MA, Perdue LA et al. Screening for Colorectal Cancer: A Systematic Review for the U.S. Preventive Services Task Force [Internet]. Rockville (MD): Agency for Healthcare Research and Quality (US); 2016 Jun. Report No.: 14-05203-EF-1 (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMH0088816/ ).
  4. Willett W: The search for the causes of breast and colon cancer. Nature 338 (6214): 389-94, 1989
  5. Colorectal screening. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology (NCCN Guidelines) Version 2016.2 (https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/colorectal_screening.pdf): NCCN 2016.2_colorectal_screening
  6. Instituto Nacional do Câncer: inca.gov.br/estimativa/2016/tabelaestados.asp?UF=RS